Estamos inaugurando aqui um novo espaço. O de entrevista. O objetivo é dar mais dinamismo ao blog e refletir o trabalho de tantos profissionais comprometidos com a Saúde Pública. Vamos começar com o trabalho de Goiânia, o Catavento, coordenado pelas dras. Heicilainy, Lusmaia e Ariadne. A entrevistada de hoje é a dra. Heici.
Entrevista do dia:
Heicilainy Del Carlos Gondim
Coordenadora do CATAVENTO – Goiânia - GO
Copar- O Catavento é um programa consolidado e uma referência Nacional. Foi fácil esse caminho?
Heici - Para chegar aqui já passamos por muitas dificuldades e houve momentos que achávamos que seria impossível. Até agora, quando estamos abolindo aparelho de nebulizador “aerosol” nas Unidades de Urgência do serviço público da cidade e recebemos uma msg de uma farmacêutica nos perguntando como faremos com as prescrições dos médicos, até do entorno de Goiânia, que enviam pacientes para tomarem aerosol nos Serviços de Emergência 2-4 vezes ao dia, ficamos perplexos e inicialmente desanimados.
Copar - Um dos pontos fortes do Catavento tem sido as capacitações. Como elas se dão?
Heici - Quanto as nossas capacitações estamos fazendo assim:
- Fizemos aulas de capacitação por distrito (somos 13) e conseguimos capacitar cerca de 400 enfermeiras sobre inaloterapia. Estas enfermeiras são multiplicadoras e capacitam as colegas que foram recentemente contratadas ou que por qualquer motivo não participaram da capacitação e elas são também diretamente responsáveis para capacitar as técnicas de enfermagem das suas Unidades.
- Enviamos apostilas de inaloterapia sempre que solicitam para capacitarem suas colegas ou quando queremos pedir reforço de capacitação para alguma Unidade nova ou com problemas.
- Estimulamos os gestores das Unidades, médicos capacitados e as próprias enfemeiras para cobrarem para que continuem multiplicando os seus conhecimentos sobre inaloterapia.
Copar - Além dos Enfermeiros outros profissionais foram capacitados?
Heici - Fizemos 2 capacitações com os farmacêuticos. Temos 1 farmacêutica coordenadora em cada distrito sanitário e 2-4 nos 15 CAIS (Centros de Assistência Integral a Saúde).
- Participamos das reuniões mensais delas e atualizamos toda e qualquer estratégia do programa, além de nos falarmos por e.mail diretamente, sempre que surge qualquer empecilho. As respostas são compartilhadas via lista com todos. Esta foi uma dica do Dr Alcindo Cerci do Programa Respira Londrina: " A Equipe Farmacêutica são os braços direito e esquerdo do programa“. E temos observado que a importância dela só vai aumentando.
Copar- E com os médicos?
Heici - Com os médicos da emergência fazemos 2 vezes por ano mutirão de capacitação à distância e estamos tornando uma rotina: todo médico novo nas Unidades de urgência, são capacitados logo que começam a trabalhar. A rotatividade deles é muito grande. Não pode ser diferente, mas a metodologia é bem eficiente. (pré teste, apostila BÁSICA, e exclusiva de atendimento de emergência e pós teste imediato. Tudo em 20 minutinhos). Toda semana recebemos uma média de 20 treinamentos feitos para o Catavento com esta metodologia.
- A relação com os médicos do PSF é mais tranquila. Temos 134 equipes e eles tem 2 cursos anuais e montamos um módulo de pulmão. Além disto, eles podem freqüentar a Educação Continuada sempre que quiserem.
- A Educação Continuada acontece de 2/2 meses. É sempre a mesma aula. É para médico que não fez, quer se reciclar, é novo contratado, etc, etc.
- Monitoramos a lista de capacitados, enviamos memorando para os Gestores de Unidades avisando se estão desfalcados, se existem problemas nas Unidades ou regiões deles, se a medicação está saindo demais ou de menos, etc ... Isto a gente monitora com os farmacêuticos que nos mandam uma planilha de balanço de consumo mensal, detalhando consumo de toda a medicação do programa nas unidades sob sua responsabilidade. Dica do Dr Alcindo também...
Copar- De fato, é grande o trabalho o que vocês vêm realizando. Heici - Pra você ver, é um trabalho grande. Goiânia tem 1.700.000 hab, 13 distritos, 15 CAIS com atendimento de emergência 24 horas, 44 postos de saúde, 134 equipes de PSF. Mas já vencemos a inércia natural do início de qualquer nova estratégia e dentro de 1 ano, eu creio, o Catavento já vai estar andando sozinho e se auto-alimentando.
Para os coordenadores, ficarão o trabalho apenas de garantir medicação adequada para o momento, insumos gráficos que reforcem a organização do mesmo e Educação Continuada talvez anual (Quem sabe, A Semana do Catavento?). Assim vamos nós...
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