Grupo de especialistas em asma quer reduzir internações e mortes pela doença.
Duas mil e quinhentas mortes por ano. Esse é o total de pacientes que a asma vitima no Brasil. Com o desejo de reverter esse cenário, foi criado no ano passado o Conselho de Programas de Asma e Rinite (COPAR), formado por cerca de 40 pneumologistas, alergologistas e pediatras que atuam em programas de asma em todo o País.
Inspirado nas experiências bem-sucedidas de alguns estados e municípios e empenhado em multiplicá-las Brasil afora, o grupo formulou uma série de iniciativas capazes de melhorar a assistência ao asmático na rede pública. De acordo com a Organização Mundial da Saúde, entre 100 e 150 milhões de pessoas são vítimas da asma em todo o mundo. No Brasil, calcula-se que aproximadamente 10% da população sofram da doença.
Segundo o Ministério da Saúde, cerca de oito brasileiros morrem por dia vítimas da asma, totalizando 2,5 mil óbitos anualmente. Um levantamento feito pelo Datasus revela que aproximadamente 367 mil pessoas dão entrada nos hospitais a cada ano devido à doença, uma das principais causas de internação no país. Em 2007, somente o gasto com as internações foi superior a R$ 98 milhões. O impacto nos cofres públicos é ainda maior se considerado o desembolso com a compra de medicamentos. “A assistência ao asmático na rede pública ainda necessita de alguns ajustes”, afirma a líder do COPAR e presidente da Associação Brasileira de Asmáticos (ABRA), Zuleid Mattar. Segundo a pediatra, algumas exigências do governo prejudicam a adesão e a continuidade do tratamento. “A asma é uma doença crônica que exige controle contínuo. No entanto, se o resultado do teste de função pulmonar de um paciente for negativo, o fornecimento da medicação é suspenso”, exemplifica. A médica explica que o objetivo do grupo é trabalhar em parceria com as secretarias de saúde estaduais e municipais na ampliação das políticas públicas de atenção à asma. “A intenção é ouvir os gestores de saúde para, em conjunto e de acordo com a realidade local, traçar estratégicas que possam aprimorar a atenção ao paciente”, afirma.
Entre as propostas do COPAR estão a realização de ações educativas para profissionais de saúde e população, capacitação de generalistas para lidar com a doença, a ampliação do elenco mínimo de medicamentos disponíveis no SUS e o uso racional dos recursos destinados à compra de remédios. ”Essas iniciativas teriam como repercussões imediatas a diminuição das hospitalizações, a redução de custos e a melhoria da qualidade de vida dos pacientes”, justifica. Os ganhos alcançados em iniciativas como o Programa de Atendimento ao Paciente Asmático do Distrito Federal, o Respira Londrina (PR), o Programa de Asma de Sorocaba (SP) e o ProAR (BA) apenas para citar alguns, são os melhores argumentos do grupo para convencer os gestores de saúde de que é possível fazer mais sem onerar demais os cofres públicos.
O exemplo da capital federal – Criado em 1999 pela Secretaria de Saúde local, o Programa de Atendimento ao Paciente Asmático do Distrito Federal está calcado em três pilares: educação em asma, fornecimento de medicamentos e capacitação dos profissionais de saúde. Segundo dados do Datasus, a ampliação do programa para todo o DF foi responsável, no período de 2000 a 2007, por uma redução de 38% (em números absolutos) no número de internações de asmáticos. A desoneração aos cofres públicos no período foi de R$ 772,5 mil. Em 2000 foram 2.743 internações por asma contra 1.983 em 2007, liberando leitos para outros pacientes. “Os resultados são evidentes”, comemora o pneumologista da Secretaria de Saúde do DF e integrante do COPAR, Mário Sérgio Nunes, esperançoso de levar a experiência para outras cidades. “As conquistas obtidas no DF foram alcançadas tanto devido ao fornecimento de medicamentos da atenção básica, quanto à oferta de remédios de alto custo”, esclarece. Para assegurar o tratamento adequado ao asmático, o governo do DF ampliou o elenco mínimo de terapias oferecidas na rede pública, incluindo fármacos que não fazem parte da lista do governo federal. A compra dos remédios é custeada com recursos do Ministério da Saúde e com verbas da própria secretaria. “A formação de multiplicadores para o treinamento constante dos profissionais da atenção básica e dos serviços de emergência é outro ponto-chave do programa”, completa a coordenadora do Programa de Asma do Distrito Federal, a alergologista Marta Guidacci.
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