O COPAR avança um pouco mais. Recebemos de BH a importante contribuição do Dr. Luiz Fernando Ferreira Pereira, ex-diretor de Divulgação da SBPT e responsável pelo admirável salto de qualidade daquele portal. Hoje temos o comentário sobre o artigo Efetividade do uso regular de budesonida inalatória na asma leve após cinco anos de seguimento, de Busse W, Pedersen S, Pauwless R et al. publicado no Journal Allergy Clin Immunol 2008; 121: 1167- 74.
O artigo segue abaixo, mas vai estar arquivado ao lado para consulta. Bem vindo Luiz! Que este seja o primeiro artigo de uma longa e proveitosa série.
Efetividade do uso regular de budesonida inalatória na asma leve após cinco anos de seguimento.
Busse W, Pedersen S, Pauwless R et al.
Journal Allergy Clin Immunol 2008; 121: 1167- 74.
A asma leve é altamente prevalente e os asmáticos leves em geral têm poucos sintomas, habitualmente intermitentes, e estão entre os pacientes com pior adesão ao tratamento. Os mesmos procuram assistência médica durante as crises, que podem ser graves, e são responsáveis por mais de 40% dos atendimentos em pronto-socorros devido asma.
O tratamento da asma leve com dose baixa de cortiscosteróides reduz os sintomas da doença e aumenta o número de dias sem necessidade de beta dois agonistas de curta duração, nem sempre com alterações significativas de qualidade de vida ou da função pulmonar.
Os autores avaliaram 7421 asmáticos leves, de início recente, e com idade variando entre cinco e 66 anos. Um grupo recebeu cinco anos de budesonida 200 a 400 mcg/dia e o outro três anos de placebo (fase duplo-cega) seguido de budesonida na mesma dosagem por mais dois anos (fase aberta). Ao final de cinco anos os grupos tinham a mesma variação na função pulmonar e a mesma melhora clínica. Entretanto, o grupo que recebeu budesonida desde o início teve menos crises graves e menor necessidade de outras medicações para manter o controle da asma. O estudo demonstra claramente o papel do uso precoce e regular de corticosteróides na redução dos riscos futuros da asma, notadamente de crises.
A grande lição desde estudo é que temos de fazer nossos pacientes entenderem a importância do uso dos corticosteróides inalatórios por longo prazo. Precisamos ter a mesma força de persuasão dos cardiologistas quando prescrevem medicamentos para redução do colesterol para pacientes assintomáticos, e estes usam os mesmos sem grandes dúvidas ou reclamações, a não ser o alto custo. Nossos pacientes precisam saber que o uso regular de corticosteróides inalatórios, em doses baixas, uma vez/dia, com boa técnica inalatória e por longo prazo, reduz riscos futuros de crises graves e de morte por asma, por um custo relativamento baixo, em geral inferior a 15 reais/mês.
Dr Luiz Fernando F. Pereira – Pneumologista
BH/MG – luizffpereira@uol.com.br
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