Álvaro A. Cruz
Membro do Comitê Executivo da Iniciativa Global contra a Asma (GINA)
Fundador do ProAR - Bahia
A asma é a doença crônica mais comum entre crianças, adolescentes e adultos jovens no Brasil. Lamentavelmente, está longe de receber a devida atenção da população e do Sistema Único de Saúde (SUS). Uma em cada cinco crianças brasileiras têm sintomas de asma, em geral “falta de ar” e chiado recorrentes, e vivenciam a torturante sensação de sufocação repetida com suas consequências somáticas e psíquicas. É possível controlar a asma com opções simples e seguras de tratamento, que podem ser disponibilizadas pelo SUS, entretanto ainda morrem cerca de 3.000 brasileiros por asma a cada ano, dos quais 200 são crianças de 1 a 14 anos. As mortes são passíveis de prevenção, mas é preciso levar a sério a asma e capacitar a todos os profissionais de saúde para o controle da doença e de suas exacerbações ou crises.
Felizmente existem iniciativas de especialistas em vários municípios, que com o apoio do SUS trazem enorme alívio aos que não conseguem respirar bem em consequência da asma. O Programa para o Controle da Asma da Bahia (ProAR) demonstra que é possível controlar a asma e reduzir drasticamente as hospitalizações (74% em 3 anos) com enorme economia, em Salvador. Resultados favoráveis têm sido obtidos também em Feira de Santana (ProAR-FS) e em outras cidades brasileiros. É preciso estender o benefício dessas iniciativas exitosas a toda a população do país, usando as evidências geradas pelo seu trabalho para informar decisões políticas e melhorar as práticas em saúde pública.
As doenças crônicas causam 60% das mortes no mundo, enorme proporção de incapacidade e custos elevados para as famílias e para o sistema de saúde, constituindo uma grave ameaça para o desenvolvimento nos países de renda média ou baixa. A Assembléia Mundial da Saúde em 2008, com representantes de 193 países, aprovou plano de ação da Organização Mundial da Saúde para o combate às doenças crônicas (cardiovasculares, câncer, respiratórias e diabetes). Há uma notável mobilização para a disseminação de informações sobre o tema. No dia 13 de maio de 2010 a Assembléia da ONU aprovou uma resolução que convoca uma sessão especial, com a presença de chefes de estado e de governo, para discutir este problema que afeta a todos, sem distição, mas sobrecarrega particularmente as famílias de baixa renda, que têm a sua capacidade de trabalho reduzida e suas despesas com a saúde aumentadas.
É preciso um multirão para recuperar o tempo perdido e controlar a asma no Brasil, investindo em estudos que gerem conhecimento para a prevenção, em nosso meio, e na implementação de práticas comprovadamente efetivas, em larga escala. Acaba de chegar ao nosso país a Iniciativa Global contra a Asma (GINA – www.ginabrasil.com.br), uma Ong internacional que propõe a meta de redução das hospitalizações por asma em 50% até 2015, oferecendo ao SUS o apoio voluntário de 100 dos maiores especialistas brasileiros e de vários experts internacionais para o esforço de capacitação de suas equipes.
Assinar:
Postar comentários (Atom)
3 comentários:
Alvaro,
você apresenta com muita clareza o problema "Asma e Saúde Pública". Os esforços dos profissionais se multiplicam em todo o país mas o silêncio dos gestores nos ensurdece.
Prezado Dr. Álvaro,
Foi com grande satisfação que soube, em meio as minhas pesquisas, que a iniciativa Global contra a Asma acaba de chegar ao Brasil. Fico na expectativa de novos horizontes e certamente disponível para colaborar.
meus parabéns,
Renata Calsaverini Leal
Coordenadora do Programa "Escola da Asma"
Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto
Postar um comentário